Relatório de Idiomas Duolingo 2020: um olhar sobre o aprendizado de línguas no Brasil
2020 foi um ano marcado por diversas transformações, trazidas pela covid-19. Com o isolamento e o fechamento de escolas e estabelecimentos, a educação online ganhou espaço quase de imediato, trazendo alunos do mundo físico para o digital. Com os idiomas não foi diferente.
Ao lado dos alunos, houve também quem viu no aprendizado uma forma de se manter ativo intelectualmente enquanto em casa. Além disso, diante da situação econômica e do desemprego causados pela pandemia, aprender uma língua se tornou fundamental para a recolocação no mercado de trabalho.
O Duolingo acompanhou todas essas mudanças de perto. Neste Relatório de Idiomas Duolingo 2020, o primeiro do tipo, apresentamos tendências, padrões e análises sobre o aprendizado de idiomas ao redor do mundo. Para isso, usamos a amostra mais abrangente já reunida pelo Duolingo: nossos alunos em todos os 194 países.
Vale lembrar que a plataforma é gratuita e que oferecemos 98 cursos que ensinam 39 idiomas diferentes - são línguas de todos os continentes, assim como línguas indígenas e ameaçadas de extinção e duas línguas fictícias (alto valiriano, de Game of Thrones, e klingon, de Star Trek). No Brasil, há 30 milhões de usuários (é o segundo maior mercado para o Duolingo) e seis cursos disponíveis para quem fala português: inglês, espanhol, italiano, francês, alemão e esperanto.
Abaixo, confira os resultados do aprendizado de línguas no Brasil em 2020:
- A covid-19 trouxe mudanças no aprendizado de idiomas em 2020
- O inglês foi o idioma mais estudado pelos brasileiros, seguido do espanhol
- As línguas asiáticas estão em ascensão em todo o mundo
- O Brasil se posicionou em 32º lugar no ranking de alunos que mais dedicaram tempo ao aprendizado de idiomas
- Os Estados Unidos são o país que mais estuda português em todo o mundo
A covid-19 trouxe mudanças no aprendizado de idiomas em 2020
A educação foi um dos setores mais impactados pela covid-19 e suas restrições. No Duolingo, identificamos um crescimento de 23% em novos alunos iniciando seus estudos no começo da quarentena, em março e abril. Em números absolutos, ficamos em segundo lugar, apenas atrás dos Estados Unidos. É interessante notar que o aumento de novos alunos começou na semana de 16 de março, atingindo dois picos: em 25 de março e em 8 de abril, período em que as regras de isolamento estavam mais rígidas.
Sabemos também que a falta de tempo é um dos grandes fatores de os alunos adiarem o aprendizado. Com mais tempo em casa, muitas pessoas buscaram alternativas para reforçar os estudos ou para aprender um novo idioma.
Não podemos esquecer dos alunos que voltaram a estudar com Duolingo neste período: houve um aumento de 29%, ano sobre ano, no total de alunos ativos na plataforma. Ou seja, chegou o momento para aqueles que queriam ou precisavam aprender, mas que não tinham o tempo necessário para se dedicar.
A grande prova disso foi o aumento da média de lições realizadas por aluno na plataforma: em torno de 33% em 2020, ano sobre ano. Isso significa que não apenas tivemos mais pessoas estudando, mas também que elas aproveitaram o tempo em casa para estudar mais.
A quarentena também influenciou as razões pelas quais nossos alunos estudam. A razão número 1 cresceu ainda mais: a necessidade de reforço escolar, já que ter um suporte no aprendizado se tornou essencial nos últimos tempos. O aumento de 2,2% pode parecer pequeno, mas o Brasil lidera o uso do Duolingo para apoiar o aprendizado escolar - um terço de todos os usuários brasileiros estão estudando para a escola. No entanto, a grande mudança foi em relação à necessidade de aprender um idioma para viajar, que caiu 7%, uma vez que a pandemia suspendeu os planos de viagem.
A mesma porcentagem (7%) representa o número de interessados em aprender um idioma por motivos familiares, categoria incluída na pesquisa em 2020. Hoje, cerca de 2,5 milhões de brasileiros moram no exterior, então falar um idioma tem uma função indispensável para estreitar os laços familiares ou para se comunicar durante visitas internacionais. Também notamos com frequência que muitos brasileiros aprendem um idioma para acompanhar seus filhos ou para aproximar a família ao estudar juntos.
O inglês foi o idioma mais estudado pelos brasileiros, seguido do espanhol
O inglês é o idioma mais popular para se estudar em 121 países (62% de todos os países) e o segundo mais popular em outras oito nacionalidades. No ranking de países com mais alunos que estudam a língua, o Brasil fica em primeiro lugar em número total de estudantes, com 61% dos alunos locais aprendendo o idioma.
A busca pelo inglês se dá por diversos motivos: da necessidade de progredir na carreira ao trabalho em empresas que se relacionam internacionalmente, onde o aumento salarial para quem fala inglês pode chegar a 72%, segundo a 58ª Pesquisa Salarial da Catho.
Além disso, a presença do inglês na nossa cultura é grande, já que o idioma prevalece quando falamos de filmes, seriados, músicas, livros, games e o próprio conteúdo na internet. Portanto, falar inglês se mostra muito necessário também para fazer parte do contexto cultural e ampliar o acesso ao leque de informações disponível.
Outro motivo da popularidade do idioma é o maior acesso do brasileiro a viagens internacionais nos últimos anos. Como por meio do inglês é possível se comunicar em praticamente todos os países, seu domínio é imprescindível para quem viaja para fora do Brasil.
Depois do inglês, temos o espanhol em segundo lugar como língua mais estudada, devido à nossa proximidade com os países que falam o idioma na América Latina, seguido por francês, italiano e alemão.
As línguas asiáticas estão em ascensão em todo o mundo
Entre os cinco idiomas com maior crescimento em 2020, quatro são asiáticos. No Brasil, percebemos um equilíbrio entre híndi, coreano, turco, japonês e russo. Por mais que sejam idiomas com um número inferior de alunos e linguisticamente muito distintos, são falados por comunidades com presença crescente na mídia, e o seu crescimento pode estar intimamente ligado a movimentos culturais, como o K-pop (coreano), a cultura otaku (japonês) e o interesse por produções culturais da Turquia e Índia. Além disso, as Olimpíadas de Tóquio devem impactar o aprendizado do japonês no Duolingo. Lembramos ainda que no Brasil está a maior comunidade de japoneses e descendentes fora do Japão, o que naturalmente amplia a busca pelo idioma.
O Brasil se posicionou em 32º lugar no ranking de alunos que mais dedicaram tempo ao aprendizado de idiomas
Aprender um idioma requer esforço e persistência. Por isso, temos um ranking dos países com a maior média de lições completadas no Duolingo por aluno, que foram chamados de países mais ativos. Nesse quesito, o Brasil ficou em 32o lugar. O top 3 é ocupado pela Alemanha, em primeiro, seguida do Japão e da Hungria.
Os alunos são muito mais consistentes na preferência de horário para estudar: o período da noite é, de longe, o mais popular para a prática - metade dos países fica ativa entre as 22h e as 23h, e outros 41,6%, incluindo o Brasil, estudam um pouco mais cedo, entre as 21h e as 22h.
No ranking brasileiro da média de lições completadas por aluno, São Paulo é o estado que lidera como o mais ativo. Por ser a região com maior número de empresas do país e mais oportunidades de trabalho, aprender um idioma se faz ainda mais necessário, motivando os alunos a alcançarem seus objetivos, e provavelmente estudarem mais.
Em segundo lugar vemos Santa Catarina, depois Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, mostrando que a necessidade de aprendizado de línguas está enraizada em todo o território nacional seja por motivos profissionais, culturais ou pessoais. Vale dizer que o idioma mais estudado é o inglês, seguido pelo espanhol.
Estados com os alunos mais ativos no Duolingo
- São Paulo
- Santa Catarina
- Minas Gerais
- Rio Grande do Sul
- Paraná
Também analisamos quais estados tiveram alunos com o maior número de dias seguidos aprendendo uma língua, o que denominamos alunos mais persistentes. A Região Sul lidera o ranking, com o Rio Grande do Sul em primeiro lugar, seguido por Paraná e Santa Catarina. São Paulo aparece em quarto lugar e o Distrito Federal fica na quinta posição.
Estados com os alunos mais persistentes no Duolingo
- Rio Grande do Sul
- Paraná
- Santa Catarina
- São Paulo
- Distrito Federal
Vale dizer que os estados que estão nos dois rankings (São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) são os que mais levaram o aprendizado de idiomas a sério. Afinal, não apenas tiveram alunos que estudaram todos os dias por mais tempo, mas também fizeram um maior número de lições, levando a um aprendizado mais eficiente.
Os Estados Unidos são o país que mais estuda português em todo o mundo
Entre os alunos que mais buscam pelo idioma português temos os americanos em primeiro lugar. As principais razões deles para estudar o idioma são o exercício mental (20%), seguido de família (17%). Em segundo lugar temos o Brasil, já que provavelmente imigrantes que moram no país precisam se desenvolver no idioma para facilitar a comunicação com brasileiros, sendo que 27% escolhem o motivo escolar para estudar. Notamos também estrangeiros que estudam português enquanto estão visitando o país, uma vez que 18% escolhem viagem como motivo principal. Em seguida temos Colômbia, México e Argentina, nossos hermanos próximos da América Latina.
Sobre os dados
O Relatório de Idiomas Duolingo 2020 para o Brasil inclui informações sobre as pessoas que fizeram cursos no Duolingo entre 1o de outubro de 2019 e 30 de setembro de 2020 e que completaram lições no Brasil. Todos os dados foram agrupados por estado ou por idioma para garantir a privacidade dos usuários.