Muita gente descreve a música como uma linguagem universal — mas será que isso é verdade? E se ela não for, qual é a diferença?
Podemos aprender muito sobre a universalidade musical olhando para a forma como diferentes culturas criam as suas músicas!
O que conta como “música”?
Chegar a essa definição não é tão fácil quanto parece, porque ela é influenciada pelas nossas próprias experiências e as ideias da nossa cultura. O que um determinado grupo considera música pode não ser entendido exatamente assim em outro grupo cultural!
Se você veio de uma cultura que usa flauta e toca escalas musicais, provavelmente vai adorar encontrar resquícios de flautas de 40.000 anos. Isso seria evidência de que a música é muito antiga! O problema é que nem todas as sociedades usam flautas ou melodias como os elementos musicais básicos. Então, como decidir o que conta como ”música” quando isso pode ter uma cara (e um som!) diferente do que você conhece, ter acontecido há milhares de anos e vir de uma parte do mundo totalmente distinta?
Outro desafio é entender se cada cultura considera (ou considerava) que alguma prática específica é ”música”. Por exemplo, o ato de proferir textos religiosos de forma cantada no islamismo ou no judaísmo pode ser considerado musical por pessoas que não são familiarizadas com essas culturas, mas é considerado uma reza — e não música — pelos praticantes dessas religiões.
Até mesmo a ideia da música como uma coisa distinta que fazemos, tocamos, amamos ou ouvimos depende da cultura em questão. Separar estes sons de todas as outras atividades que estão acontecendo, como dançar, comemorar e entoar cantos, é uma forma muito ocidental de se pensar sobre música. Em outras partes do planeta, algumas culturas (e os seus respectivos idiomas) não têm palavras específicas para essas atividades com sons que pessoas de fora poderiam considerar musicais.
Como identificar a música em diferentes culturas
Assim, em vez de tentar decidir se algo é música ou não, os pesquisadores dessa área se concentram nos elementos da música. Por exemplo, em muitas culturas, a música é agrupada em subdivisões de dois ou três tempos e usa escalas que não são simétricas — cada um desses itens pode contar como um elemento usado por determinada comunidade.
Se viemos de uma cultura que dá importância a melodias e flautas, talvez esperar que todas as comunidades do mundo em todas as épocas da História tenham esses elementos nas suas músicas seja pedir demais! Para que a música fosse mesmo universal, todos os grupos e culturas teriam que concordar que o que eles estão fazendo é a mesma coisa na essência. Considerando todas as culturas e comunidades diferentes que existem, dá para ver como essa questão é complicada! Por isso, os pesquisadores se focam em encontrar elementos musicais que acontecem na maioria dos lugares, na maior parte do tempo.
Afinal, a música é universal ou não?
Todos nós temos a mesma biologia, então faz sentido que também tenhamos a capacidade de aprender habilidades como cantar e se movimentar seguindo um ritmo — os pilares fundamentais de muitos sistemas musicais. E, assim como o idioma, a música de outras culturas pode ser totalmente diferente da que a gente cresceu ouvindo!