Chegamos a mais uma semana da Querido Duolingo, uma coluna de dicas para estudantes de idiomas. Confira as nossas publicações anteriores aqui.

Imagem do Júnior e de um sapo sentados em cima de um balão de diálogo escrito Querido Duolingo.

Olá gente! Estamos de volta para responder às suas perguntas sobre idiomas e aprendizado 🙌 Esta semana temos uma dúvida que pode ser a de todo mundo que aprende no Duolingo e lê esta coluna, então vamos lá!

Pergunta da semana:

Querido Duolingo,

O que realmente significa ser bilíngue? Eu estudo espanhol e consigo ler bem, mas ainda tenho dificuldade com a pronúncia e a fala. Mesmo assim, eu sinto que consigo entender a língua em geral. Será que isso já é ser bilíngue? Se sim, por quê? Ou por que não?

Atenciosamente,
Aspirante a Bilíngue

Essa pergunta é ótima, porque é fácil não perceber a maravilhosa complexidade do bilinguismo e quantas comunidades linguísticas os bilíngues atravessam! Na verdade, há muitos tipos de bilíngues, assim como muitas formas de definir o bilinguismo, dependendo de quando você aprendeu cada idioma, como usa as línguas que fala e em que estágio se encontra nesse processo.

O que é ser bilíngue?

Não existe uma única definição do que conta para uma pessoa ser considerada “bilíngue”. Quando se pensa nas diferentes habilidades (leitura, escrita, escuta e fala) e aspectos do conhecimento em um idioma (vocabulário, gramática, pronúncia, normas de conversação), cada um se sai melhor em algumas áreas do que em outras, mesmo no caso de quem foi bilíngue a vida inteira e tem proficiência alta nas duas línguas! Por isso, há várias formas de quantificar o bilinguismo.

Via de regra, bilíngue é alguém que usa 2 idiomas e multilíngue é quem usa 2 ou mais. Também há evidências de que o cérebro trata cada dialeto como se fosse um idioma distinto, pois a separação entre dialetos e idiomas nem sempre é clara.

Como aprender um idioma significa ter que aprender muitas coisas diferentes e existem muitas formas possíveis de fazer isso, existem muitos tipos de bilíngues. Vamos abordar apenas algumas formas de descrever a imensa diversidade de experiências no bilinguismo.

Bilíngues simultâneos: 2 idiomas desde o nascimento

Uma forma de ver o bilinguismo é pensar em *quando* a pessoa aprendeu os idiomas. Se ela aprendeu 2 línguas desde o nascimento, pode se considerar bilíngue simultânea. Alguns bilíngues simultâneos são expostos a 2 idiomas diferentes pelos pais, enquanto outros podem ter outra pessoa em casa, como a avó ou o avô, que usa uma língua específica com eles.

Aprender 2 idiomas desde o nascimento não significa necessariamente que a pessoa vai continuar usando ambos regularmente ao longo da vida ou mesmo da infância. No entanto, essa exposição a 2 línguas de uma vez só, desde o início, cria uma tarefa especial para o cérebro do bebê!

Bilíngues sequenciais: 1 idioma após o outro

Se você aprendeu primeiro uma língua e depois outra, você é bilíngue sequencial. Isso pode acontecer quando a pessoa usa um idioma em casa e outro na escola ou comunidade, assim como quando se muda para outra comunidade, entra em um colégio bilíngue ou é exposta a uma nova língua de qualquer outra forma.

No caso de bilíngues sequenciais, no começo a primeira língua pode ser mais forte que a segunda, mas isso não significa que vai ser assim para sempre! O “volume” de cada idioma no seu cérebro pode mudar ao longo do tempo, então aquele que você aprendeu primeiro pode não continuar sendo o que você se sente mais confortável em usar.

Bilíngues receptivos: entendem mais de 1 idioma

Bilíngues receptivos (ou bilíngues passivos) são pessoas que entendem mais de 1 idioma, mas podem não se sentir confortáveis para produzir em mais de 1 idioma. Isso porque podemos dividir as habilidades linguísticas em receptivas (ler e ouvir) e produtivas (falar e escrever). Os bilíngues receptivos podem ter a capacidade de entender quando alguém (como pais e avós) fala uma língua com eles, mas talvez não tenham confiança para responder nessa mesma língua. É muito comum e completamente normal ser melhor em algumas habilidades do que em outras!

Como os bilíngues receptivos sabem, aprender uma língua não se resume a ter contato com ela. Usar um idioma é como fortalecer vários músculos, e se você só tem oportunidade de treinar músculos específicos (como o “músculo” da escuta), são esses que vão ficar mais fortes! Muitos bilíngues crescem em contextos em que é difícil encontrar chances de usar um dos seus idiomas, ou então sofrem preconceito ou têm vergonha de usar uma língua diferente da mais comum na comunidade deles. O resultado pode ser o desenvolvimento maior de habilidades receptivas. 

Bilíngues de herança: idioma da família e idioma da comunidade

Se uma pessoa bilíngue cresce utilizando um idioma em casa com a família e outro idioma na sua comunidade, ela é chamada de falante de herança ou bilíngue de herança, pois um desses idiomas representa a sua herança familiar.

Algumas famílias usam uma língua em casa que não é a mesma usada pela comunidade, pois foram criadas com essa língua familiar, talvez em outra comunidade ou país. Em algumas partes do mundo, falar um idioma diferente dentro de casa é a norma há séculos… ou até mais tempo!

Bilíngues bimodais: língua falada e língua sinalizada

Pessoas que usam uma língua falada e uma língua de sinais são chamadas de bilíngues bimodais, porque os idiomas que elas falam estão em modos diferentes (falado e sinalizado). Enquanto bilíngues em outras categorias têm muitos aspectos em comum, só os bilíngues bimodais têm uma característica impressionante: a capacidade de produzir ambas as línguas ao mesmo tempo, falando uma e sinalizando a outra. Incrível!

Bilíngues emergentes: você está aqui!

Se você ainda está construindo a sua proficiência em um novo idioma e não se enquadra em nenhuma das categorias acima, talvez seja bilíngue emergente: alguém em processo de se tornar bilíngue! Esse termo descreve uma pessoa (você, talvez?) que está a caminho de usar mais de um idioma com destreza.

Desenvolver tantas capacidades linguísticas com tudo que você precisa saber (de vocabulário a tempos verbais) leva muito tempo, mas bilíngues emergentes alcançam vários objetivos de curto prazo importantes enquanto avançam pelos níveis de proficiência. Não existe uma medida estabelecida para decidir quando se pode dizer que alguém “sabe” um idioma, então a definição do momento em que cada bilíngue emergente passa para outra categoria é bastante subjetiva.

Há mais de uma forma de falar mais de uma língua!

O bilinguismo engloba uma grande variedade de comportamentos e proficiências, e cada pessoa tem uma combinação única de comunidades, identidades, famílias, cuidadores, escolas e uma vida inteira se comunicando! Há muito mais tipos de situações multiculturais e multilíngues do que as listadas neste breve post, mas já dá para ver as complexidades e os fatores interessantíssimos que dão forma ao bilinguismo!

Para mais respostas às suas dúvidas sobre idiomas, aprendizado e bilinguismo, entre em contato conosco pelo e-mail dearduolingo@duolingo.com.