Existe uma grande diversidade entre os nossos alunos da América Latina: nas motivações, nas faixas etárias e até nos idiomas de estudo. Apesar de essa área ser definida como a parte do continente americano que fala espanhol e português, muitos habitantes também falam línguas indígenas, como o guarani, línguas afro-latinas, afro-indígenas e crioulas. Mesmo considerando somente os países que falam espanhol (que não são poucos!), podem existir mais diferenças do que semelhanças nas tendências de idiomas estudados.
Neste relatório, investigamos os padrões de aprendizagem de diferentes países da América Latina onde o espanhol é a língua nativa para entender melhor o que esses alunos do Duolingo estão estudando e por quê. Decidimos nos concentrar na Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru por um período de seis meses entre o final de 2021 e o começo de 2022 para explorar a diversidade dos alunos que falam espanhol nas Américas, e incluímos o Brasil (onde se fala português) e Porto Rico (um território não incorporado dos Estados Unidos onde se fala espanhol) para enriquecer as comparações.
Continue lendo para descobrir:
- Qual país tem mais alunos abaixo de 30 anos?
- Onde o inglês é o idioma mais estudado?
- Qual idioma surpreendentemente está entre os mais populares no México?
- Onde o japonês é mais popular que o coreano?
O inglês é o idioma mais estudado em toda a América Latina
O inglês é o idioma mais estudado em todos os países analisados, mas a predominância dessa língua varia bastante entre eles. Em alguns, como Colômbia e México, quase 3 de cada 4 pessoas decidem estudar inglês, mas em outras nações elas têm interesses mais variados — especialmente nos países que já têm alta proficiência de inglês, como Porto Rico. Afinal, os dois idiomas oficiais de lá são espanhol e inglês!
% de alunos do Duolingo que estudam inglês | |
---|---|
Argentina | 55% |
Brasil | 63% |
Chile | 63% |
Colômbia | 74% |
México | 71% |
Peru | 67% |
Porto Rico | 44% |
Os fatores culturais e geográficos influenciam o aprendizado de idiomas
Depois do inglês, o francês é um dos idiomas mais estudados na América Latina. Também é comum estudar a língua dos vizinhos: por exemplo, recentemente descobrimos que o espanhol é o segundo idioma mais popular no Brasil, e o português é o terceiro mais popular na Colômbia.
As preferências também têm a ver com a história e cultura únicas de cada lugar. Diferente dos seus vizinhos e de outros países da região, a Argentina é muito interessada em aprender italiano, provavelmente por causa da forte chegada de imigrantes da Itália que começou no final do século 19.
Pela primeira vez desde o começo da pandemia, o espanhol se tornou um dos idiomas mais populares de estudo em dois países: México e Porto Rico. Essa onda crescente indica a forte retomada do turismo após mais de dois anos de restrições e precauções por conta da covid. O aumento do trabalho remoto também pode estar influenciando o interesse no espanhol, com muitos trabalhadores aproveitando a maior flexibilidade geográfica e seguindo a vontade de estudar o idioma das suas comunidades.
2º idioma mais popular | 3º idioma mais popular | 4º idioma mais popular | |
---|---|---|---|
Argentina | italiano | francês | português |
Brasil | espanhol | francês | italiano |
Chile | francês | italiano | português |
Colômbia | francês | português | italiano |
México | francês | italiano | espanhol |
Peru | francês | italiano | português |
Porto Rico | francês | espanhol | italiano |
Os jovens lideram, exceto na Argentina
As novas gerações são as mais animadas para aprender novos idiomas e não demoram a adotar tecnologias como o Duolingo para acelerar o processo. Na Colômbia, México e Peru, de cada 3 alunos nossos, 2 têm menos de 30 anos.
Mas outras faixas etárias também estão correndo atrás. Na Argentina e em Porto Rico, os alunos com menos de 30 podem até ser a maioria no Duolingo, mas os pais e avós deles também estão comparecendo em números significativos. A Argentina tem uma população notável de alunos mais velhos: 20% de todos eles têm 50 anos ou mais. Aliás, na Argentina, temos mais alunos com mais de 60 do que na casa dos 50 — um padrão que não observamos em nenhum outro país da região!
O interesse em cada idioma varia por geração, especialmente no caso do italiano
A cultura e a geografia não são os únicos fatores que influenciam os idiomas escolhidos: gerações diferentes também têm suas preferências na hora de escolher o que aprender.
No Brasil, Colômbia, Chile e Peru:
- Os mais velhos têm mais interesse no italiano que os mais novos.
- Os mais jovens têm mais interesse no francês.
Mas na Argentina:
- O italiano é o segundo idioma mais estudado por todas as idades.
- O francês é o terceiro idioma mais estudado por alunos de 13 a 22 anos e com mais de 50.
- O português é o idioma preferido dos alunos de 22 a 49 anos, provavelmente por motivações econômicas e de carreira.
As preferências do México e de Porto Rico são muito interessantes e diferentes dos seus vizinhos da região.
No México, as diferenças nas preferências de cada geração demonstram que o país é um destino popular entre os aposentados e os trabalhadores remotos. O francês é o segundo idioma mais estudado por pessoas com menos de 50 anos, mas, para aqueles com mais de 50, o segundo lugar é do espanhol. Isso sugere que aposentados de fora do país podem ter voltado para casas de férias e casas de repouso depois de terem saído do México no começo da pandemia. O espanhol também é o terceiro idioma mais estudado por pessoas de 30 a 49 anos, que podem estar voltando a viajar para o México, ou até indo morar lá para trabalhar à distância.
Os jovens porto-riquenhos estão mais interessados em estudar japonês que qualquer outro grupo demográfico da região. Para as pessoas de 13 a 22 anos, esse idioma vem em terceiro lugar, só perde para o inglês e o francês. O japonês é o quinto idioma mais estudado na ilha, e essa preferência pelo japonês em relação ao coreano é única na América Latina (mas é o padrão nos EUA!).
Os países estão divididos entre estudar por lazer e estudar por necessidade
Geralmente, o motivo número 1 para se estudar um idioma na América Latina é a escola, mas, depois disso, existe uma divisão. O que acontece é que em alguns países as pessoas estudam mais para viagens e em outros por uma questão de necessidade, por razões profissionais:
- Na Colômbia, México e Peru, o segundo maior motivo para aprender um novo idioma é o trabalho.
- Na Argentina, Brasil e Chile, são viagens.
Na contramão dos vizinhos, Porto Rico se divide igualmente entre estudar por causa das viagens (17%) e por causa do trabalho (17%).
Para muita gente, aprender um novo idioma é crucial para ter acesso a novas oportunidades, e isso se torna ainda mais importante no mercado de trabalho atual: com a possibilidade do trabalho remoto, as pessoas não estão competindo por vagas apenas nas suas próprias comunidades, mas também em outros lugares do mundo todo.
A importância de viajar para quem aprende também indica uma recuperação após os primeiros anos da pandemia, quando o turismo desabou entre as razões para aprender idiomas.
Ucraniano e coreano estão entre os idiomas que mais crescem na região
Esse ano, o ucraniano foi o idioma que mais cresceu em popularidade na América Latina. O número de pessoas estudando ucraniano mundialmente aumentou 577% nas semanas depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, com pessoas que foram estudar a língua para mostrar solidariedade com os ucranianos e em muitos casos para apoiar os refugiados. Na Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru, o crescimento do ucraniano aconteceu ao mesmo tempo que o russo se estabilizou, com uma diminuição mais significativa de alunos de russo no México.
O coreano também continua com forte crescimento na região, seguindo uma tendência que já dura alguns anos na América Latina e no mundo. O idioma é um dos que mais cresce em muitos países, mas isso é ainda mais notável na Argentina, onde ele só perde para o ucraniano.
O futuro dos idiomas na América Latina
Os alunos latino-americanos do Duolingo estão pensando sobre cultura, atualidades, autoaperfeiçoamento e um futuro cheio de viagens — e os interesses de cada país vão mudando em resposta aos eventos locais e globais. Por isso, vamos ficar de olho nas seguintes tendências de aprendizado:
- Será que os nossos alunos vão estudar árabe para a Copa do Mundo do Qatar? Em 2016, os alunos sul-americanos do Duolingo estudaram português depois da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Será que vai acontecer o mesmo com o árabe?
- Será que outros países também vão começar a aprender para viajar? Será que a distinção entre viagem e trabalho chegou para ficar, ou veremos outros países começarem a estudar mais por causa de viagens com o desenrolar da pandemia?
- Por quanto tempo será que a ascensão do coreano vai continuar na região? O coreano já vem crescendo na América Latina há anos! Será que essa popularidade vai seguir em alta?
- Será que a geração Z vai ficar mais parecida com o tempo? Por enquanto, as tendências são muito diversas, mesmo dentro da mesma geração. Conforme a geração Z ganha mais influência sobre a mídia e a cultura pop, será que os idiomas que interessam a esse grupo também vão ficar mais uniformes?
Aguardem as nossas descobertas em artigos futuros — aqui mesmo, no blog do Duolingo!