Relatório de Idiomas Duolingo 2022: Informativo Global

O Relatório de Idiomas Duolingo 2022 contém as últimas tendências e comportamentos de aprendizado, identificados a partir de dados dos mais de 500 milhões de alunos que temos no mundo todo. O Duolingo é o aplicativo de educação mais baixado do planeta, e oferecemos mais de 100 cursos que ensinam mais de 40 idiomas — tudo isso de graça. Como resultado, os nossos dados trazem um ponto de vista único sobre o que as pessoas de diferentes lugares querem estudar e como esses interesses se alteram de acordo com o tempo e a geografia. Leia sobre tendências de 2020 no nosso relatório global (disponível em quatro idiomas incluindo português) e no relatório específico sobre o Brasil.

Em 2022, muita gente se beneficiou das doses de vacina contra a covid-19 para voltar a fazer as suas atividades preferidas, como assistir a shows de música, encontrar amigos e familiares, e, claro, viajar. O Relatório de Idiomas deste ano revela não só como as pessoas retomaram algumas rotinas e hábitos pré-pandemia, mas também como ganharam mais perspectiva sobre o aprendizado de idiomas. Em todo o mundo, as pessoas estudaram línguas por interesse nas suas próprias raízes, na cultura pop e nas atualidades.

A maior tendência de 2022 foi o crescimento no número de pessoas aprendendo ucraniano. Além disso, o relatório mostra como a reabertura das fronteiras e a diminuição das restrições de viagens afetaram os idiomas de escolha dos nossos alunos. Como um todo, as descobertas deste ano mostram que aprender um idioma pode revelar traços importantes da identidade individual.

Sumário:

• Pessoas estudam ucraniano em apoio à Ucrânia.
• O inglês é prioridade, mas os interesses continuam amplos.
• Os viajantes estão deixando novos idiomas em casa — por enquanto.
• Pessoas do mundo todo aprendem vários idiomas ao mesmo tempo.
• Destaques do aprendizado de idiomas no mundo.
• Novidades do Duolingo em 2022 — e o que vem por aí em 2023.

Pessoas estudam ucraniano em apoio à Ucrânia

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro, mais de 1,3 milhão de pessoas pelo mundo começaram a estudar ucraniano em solidariedade. O interesse em aprender o idioma e usá-lo em contextos relacionados à crise teve um crescimento intenso nas semanas que seguiram o início da guerra, com pico no final de março, e seguiu constante até o final de 2022.

A resposta da nossa comunidade global à guerra foi unificada: o ucraniano foi o idioma que cresceu mais rápido em países longe do conflito, como Argentina, Japão e Vietnã, e também entre vizinhos da Ucrânia. Os países que receberam as maiores populações de refugiados ucranianos tiveram um crescimento ainda maior: nos seis meses seguintes à invasão, em comparação ao ano anterior, vimos um aumento de 1651% no número de pessoas aprendendo ucraniano na Alemanha, 1615% na Polônia e 1515% na República Tcheca.

Graças ao comprometimento dos alemães em apoiar o povo da Ucrânia, a língua ucraniana decolou da 36ª mais popular na Alemanha em 2021 (de um total de 40 disponíveis no ano) para a 15ª mais popular em 2022. Esse salto também foi notável no Reino Unido: o ucraniano subiu 20 posições no ranking dos idiomas mais populares, da 37ª posição em 2021 para a 17ª em 2022. Apesar de estarem geograficamente mais distantes da guerra, os americanos também se voltaram ao ucraniano por uma série de razões pessoais e políticas. Nos EUA, o idioma passou da 36ª posição no ranking em 2021 para a 22ª em 2022.

Países com o maior aumento no número de alunos de ucraniano em 2022

Os próprios ucranianos também buscaram recursos para aprender idiomas durante a gigantesca convulsão social que causou o deslocamento de milhões de pessoas. O impacto do movimento dos refugiados é visível num lugar como a Alemanha: lá, o alemão se tornou o segundo idioma mais popular de estudo, provavelmente porque o país recebeu mais de 750 mil ucranianos só na primeira metade de 2022. A guerra também impulsionou um número recorde de ucranianos a fazer o Duolingo English Test para certificar a sua proficiência em inglês e estudar em outros países: o número de candidatos da Ucrânia aumentou 4000% em comparação com o ano anterior. Muitos estudantes ucranianos que tiveram que deixar as suas casas puderam continuar os estudos no exterior, incluindo vários alunos da University of Maryland que foram beneficiados pelas parcerias do teste com a ACNUR e com a Ukraine Global Scholars, que permitiram que eles fizessem o teste de graça e ainda tivessem auxílio com despesas adicionais.

Para quem aprende idiomas, a guerra na Ucrânia foi um evento atípico, pois a cobertura da mídia internacional incluiu conteúdo sobre idiomas, o que a destacou de outras crises políticas e humanitárias na mente dos espectadores. Por conta das origens do ucraniano e do russo e do histórico político entre os dois países, as diferenças entre as duas línguas foram bastante discutidas. Outro motivo para o crescimento tão dramático do ucraniano provavelmente tem a ver com a percepção que as pessoas têm do idioma: embora ele use o alfabeto cirílico, existem muitas semelhanças notáveis com o inglês e outras línguas europeias.

O inglês é prioridade, mas os interesses continuam amplos

Nos últimos dois anos, percebemos um interesse maior por idiomas menos estudados — por exemplo, em 2020, o irlandês se tornou o idioma mais popular na Irlanda. Porém, em 2022, vimos um retorno às línguas predominantes, com inglês, francês e espanhol firmes no posto dos idiomas mais populares do mundo.

Este ano, o número de países onde o inglês é o primeiro ou segundo idioma mais popular praticamente não mudou (um total de 130 em 2021 e 131 em 2022), mas o espanhol e o francês sofreram mudanças. O número de países onde o espanhol é o segundo idioma mais popular teve uma queda geral (de 90 para 81) enquanto o francês cresceu de 90 países ano passado para 96 países em 2022. A manutenção do reinado desses três idiomas é explicada em parte pelo crescimento da escola como maior motivação na América do Sul e em algumas partes da Ásia, incluindo Índia e Vietnã. Também houve um desejo generalizado em vários países de estudar idiomas por razões práticas e profissionais.

Ainda no tema dos idiomas mais populares de cada país, a lista de 2022 quebra um padrão notável que tinha surgido em 2020: o irlandês perdeu o 1º lugar na Irlanda, e agora está em 2º lugar, depois do espanhol. Por outro lado, o coreano continua a sua expansão pelo planeta. Ele já é a língua mais estudada em quatro países, incluindo dois onde desbancou o japonês (Brunei e Filipinas). O coreano continua sendo um dos idiomas que cresce mais rápido em muitos países, incluindo Argentina, Alemanha e Índia, e está entre os 5 mais populares na China, Índia, Japão e Vietnã.

Como inglês, espanhol e francês são tão predominantes no mundo, tendências interessantes aparecem quando olhamos para o segundo idioma mais popular de cada país. Aqui, vemos que os interesses das pessoas ficaram mais diversificados: este ano, temos 18 idiomas diferentes ocupando o segundo lugar, contra os 16 dos últimos dois anos.

O chinês ficou em 2º lugar em mais países este ano, e o rol do segundo lugar ganhou novos membros que não entraram na lista em 2021: árabe (2º lugar na Somália), hebraico (2º lugar em Israel), irlandês (atrás do espanhol na Irlanda) e suaíli (2º em Uganda). Assim, embora os idiomas mais populares tenham se mantido firmes nessa posição, 2022 nos dá evidências de que os interesses continuam a variar ano após ano.

Os viajantes estão deixando novos idiomas em casa — por enquanto

Apesar da expansão do turismo em 2022, as pessoas ainda não estão prontas para estudar idiomas para usar nas viagens. A proporção de novos alunos cuja motivação principal é viajar foi mais baixa em 2022 que em 2021, mas existem indícios de que o aprendizado de idiomas com foco em viagens vai voltar em breve. Aliás, acreditamos que 2023 vai ser o ano em que muitos turistas estarão mais confiantes em suas habilidades.

Após dois anos de restrições de viagens devido à pandemia, muita gente estava animada para finalmente tirar as tão sonhadas férias, mas com um cancelamento recorde de voos, custos de viagem subindo sem parar e inflação em alta, o resultado não foi exatamente o esperado. As viagens internacionais tiveram forte subida em 2022, mas não voltaram aos níveis de 2019, e os dados dos novos alunos do Duolingo mostraram algo similar: a viagem como razão de estudo começou a crescer em alguns países, mas ainda fica atrás do que era em 2019 (e até 2020).

Em vez de experiências imersivas em novos idiomas, muitos turistas escolheram destinos de férias mais perto de casa, onde não há necessidade de falar outras línguas. Parece que as pessoas querem relaxar e explorar outros lugares do jeito mais acessível e confortável possível. Assim, aprender um idioma ainda não está na lista de preparações para viagens.

Porém, a previsão é que as viagens multilíngues e internacionais aumentem em 2023. Grandes companhias aéreas já estão se planejando para que o volume de viagens volte a níveis pré-pandemia, destinos populares como o Japão estão se abrindo novamente para turistas e visitantes, e nossos alunos estão tirando os passaportes da gaveta. No Reino Unido, Alemanha e EUA (este em menor intensidade), houve um aumento moderado no número de pessoas que aprendem idiomas para viajar, que permaneceu alto durante esse período no Brasil, Reino Unido e Alemanha.

Em 2022, em muitos casos, houve crescimento no número de pessoas estudando o idioma do próprio país em que estão. Em março de 2020, estudantes, imigrantes, trabalhadores temporários, nômades digitais e turistas deixaram seus lares temporários para entrar em lockdown. Por isso, o(s) idioma(s) dos próprios países caíram nos rankings de popularidade, e as pessoas preferiram estudar idiomas mais diversos ou aqueles conectados com a cultura e história de um país. Pela primeira vez desde o início da pandemia, agora vemos o retorno de pessoas que estudam a língua nativa do seu país de residência:

• O francês se tornou o idioma mais popular de estudo nas Ilhas Maurício, onde é falado com frequência! Ele desbancou o espanhol para o segundo lugar.
• O alemão agora é o segundo idioma mais popular na Áustria, Alemanha e Liechtenstein, desbancando o espanhol.
• O hebraico é o segundo idioma mais estudado em Israel, à frente do espanhol.
• O italiano é número 2 na Itália e em San Marino, substituindo o espanhol.
• O espanhol é o segundo idioma na Costa Rica e Espanha, desbancando o francês.
• O suaíli é número 2 em Uganda, desbancando o espanhol.

Para entender melhor as interações entre viagens e estudo de idiomas — e a hesitação em usar novos idiomas no exterior — fizemos uma parceria com YouGov, Momentive/Survey Monkey e Surveroid para saber mais, e vimos diferenças drásticas nos planos de viagem das populações ao redor do mundo.

• Quando o assunto é viagem internacional, 55% dos latino-americanos dizem que eles têm mais chances de viajar para outro país em 2023 do que em 2022. Esse número é de 40% para os turistas indianos, 28% para os americanos, 20% para os alemães e só 20% para os japoneses.
• Explorar novas paisagens é a maior motivação de viagem para os turistas do Japão (43%) e dos EUA (28%) em 2023, mas relaxar é a grande prioridade para a América Latina (59%), Alemanha (45%) e Índia (39%).

Apesar de buscarem férias relaxantes no exterior (isto é, quando de fato buscam no exterior), os viajantes entendem a importância de saber um segundo idioma na sua experiência de turismo. Por exemplo, 85% dos participantes da pesquisa dos EUA concordam que saber um novo idioma pode melhorar a sua viagem, e 80% concordam que pode dar mais coragem para se aventurar em novas experiências. Com todas as oportunidades de viagens internacionais que 2023 promete, eles têm tudo para ser viajantes confiantes.

Mas tirar férias não é a única motivação para viajar em 2023: os estudantes também estão voltando a sentir aquela velha vontade de estudar fora. A pandemia não diminuiu o desejo das pessoas de procurar a melhor educação possível, onde quer que ela esteja no mundo. Em uma pesquisa recente, 43% dos jovens da Índia disseram que a pandemia não teve nenhum impacto no seu desejo de estudar fora, enquanto 25% disseram que ela aumentou sua vontade de estudar em outro país. E mais: o número de candidatos que fazem o Duolingo English Test cresceu mais do que 50% em relação ao ano passado e incluiu pessoas de mais de 20.000 cidades em mais de 213 países e regiões.

Pessoas do mundo todo aprendem vários idiomas ao mesmo tempo

Uma pergunta que recebemos bastante no Duolingo é: "É possível aprender mais de um idioma ao mesmo tempo?". O Duolingo oferece mais de 100 cursos em mais de 40 idiomas, e tem muita gente aproveitando essa variedade! Os países com mais pessoas estudando 3 ou mais idiomas no Duolingo são a Finlândia em 1º lugar e o Reino Unido em 2º.

A população poliglota da Finlândia não é uma grande surpresa, uma vez que 93% dos adultos do país dizem falar mais de uma língua. A posição do Reino Unido na lista de países que estudam vários idiomas pode parecer inesperada, mas a diversidade cultural e linguística da região pode ser uma inspiração para os estudos: quase 15% da população do Reino Unido nasceu fora do país, que também é o berço de várias línguas indígenas, incluindo o gaélico escocês, o galês e o irlandês, todos idiomas celtas. O Reino Unido também continua sendo o destino mais escolhido por estudantes da China e da Índia, de acordo com as estatísticas e pesquisas do Duolingo English Test.

Para fechar o top 5 dos países com pessoas que estudam vários idiomas, temos Austrália em 3º lugar, Estônia em 4º e Brunei em 5º.

Destaques do aprendizado de idiomas no mundo

• Top 10 idiomas mais estudados do mundo (na ordem): inglês, espanhol, francês, alemão, japonês, italiano, coreano, chinês, russo, híndi. Em 2021, o híndi estava em 11º lugar, logo atrás do português, e este ano o híndi desbancou o português da 10ª posição mundial.
• O coreano e o japonês estão mais populares que nunca no sul da Ásia. O coreano já é o segundo idioma mais popular de estudo no Paquistão (em 2021, era o turco) e o japonês já é o segundo no Nepal e no Sri Lanka (em 2021, era o espanhol nos dois países).
• O português e o francês crescem na América do Sul. Na mesma tendência de crescimento global dos idiomas mais tradicionais em 2022, o português e o francês retomaram posições de destaque na América do Sul. No Paraguai, o guarani perdeu o segundo lugar para o português, e no Uruguai e Venezuela, o italiano perdeu o mesmo posto. Agora, o português é o segundo idioma mais estudado no Uruguai, e na Venezuela é o francês.
• O sudeste da Ásia está dividido entre o coreano e o japonês. Esses dois idiomas já são populares na região há anos, mas agora eles estão na disputa pelas primeiras posições: o coreano estava em segundo lugar na Indonésia em 2021, mas perdeu o posto para o japonês, e o oposto aconteceu na Tailândia, onde o coreano desbancou o japonês, agora no segundo lugar. Nas Filipinas, a competição está ainda mais acirrada: ano passado o japonês estava em 1º lugar e o coreano em 2º; em 2022, eles trocaram!
• Em 2022, os países com os alunos mais dedicados foram (na ordem): Japão, Belarus, Hungria, Rússia e República Tcheca. Eles tiveram o maior tempo investido nos estudos.
• A jornada de aprender um idioma para viajar já está no horizonte. Na América Latina, 68% dos respondentes dizem que estão planejando ou considerando fazer uma viagem em 2023 para um destino cujo idioma eles não falam, e 48% dos respondentes da Índia disseram o mesmo.
• Os viajantes da América Latina veem valor em saber a língua dos lugares aonde vão. Na América Latina, só 6% dos respondentes dizem que não sentem necessidade de saber falar o idioma de um lugar quando viajam. Na Índia, 10% dos entrevistados disseram o mesmo; nos EUA e Japão, foi 18%; na Alemanha, quase um terço (32%) das pessoas não acha necessário saber a língua de um lugar ao viajar.
• O Vietnã abraça a diversidade linguística. Dos 10 maiores mercados do Duolingo, o Vietnã é o único país onde cada um dos 5 idiomas mais estudados vem de uma família linguística diferente! Os idiomas mais populares por lá são (na ordem): inglês, chinês, vietnamita, japonês e coreano.

Novidades do Duolingo em 2022 — e o que vem por aí em 2023

O Duolingo continuou a oferecer um leque amplo de idiomas, que inclui línguas pouco estudadas, pouco representadas e com poucos recursos. Em 2022, criamos dois novos cursos para valorizar idiomas da diáspora negra: crioulo haitiano e zulu. Também criamos dois cursos para ensinar inglês a falantes de bengali e tagalo.

Como parte do compromisso do Duolingo de tornar o ensino de idiomas grátis, divertido e eficaz, também lançamos a nova trilha de aprendizado. Nela, os alunos completam lições em uma sequência linear desenvolvida pelos nossos especialistas em aprendizagem. A trilha incorpora a revisão, as histórias e a prática focada e inclui exercícios mais desafiadores para replicar as atividades de estudo que sabemos que levam ao aprendizado eficaz.

Além disso, este ano continuamos a expandir a nossa missão na educação para além do ensino de idiomas: nosso novo aplicativo para crianças e adultos, o Duolingo Math, se juntou ao Duolingo ABC, nosso aplicativo de alfabetização para crianças que estão aprendendo a ler. Em 2023, vamos adicionar mais conteúdo avançado de nível B2 de proficiência aos nossos maiores cursos de idiomas (incluindo novas histórias de nível avançado) e seguir testando rigorosamente a eficácia dos nossos cursos. Também temos novos recursos no forno para que aprender no Duolingo seja ainda mais divertido, mais motivador e com mais interação social!

Muito obrigado aos milhões de pessoas apaixonadas e curiosas que embarcam com o Duolingo na aventura que é aprender um idioma!

Sobre os dados
O Relatório de Idiomas Duolingo 2022 inclui informações sobre as pessoas que utilizaram o Duolingo entre 1º de outubro de 2021 e 30 de setembro de 2022. Todos os dados foram agrupados por país ou por idioma para garantir a privacidade individual. Os agrupamentos por país são baseados em entidades autônomas, independentes e reconhecidas internacionalmente, conforme descrito aqui. As idades e motivações são autodeclaradas, e usuários menores de 13 anos foram excluídos de todas as análises. Ainda com o propósito de proteção à privacidade, os rankings excluem países com menos de 5.000 usuários do Duolingo.